Durante o 65º Congresso Brasileiro do Concreto, o presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento PoDtland) e do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), Paulo Camillo Penna, falou sobre as diretrizes e propostas para o futuro sustentável da indústria do cimento no Brasil. O evento aconteceu entre os dias 22 e 25 de outubro de 2024, em Maceió (AL).
Paulo deu início ao discurso, falando sobre a necessidade de união de toda a cadeia produtiva do concreto no que diz respeito à tecnologia construtiva, normalização técnica, boas práticas, sustentabilidade e tendências do setor. “Todos esses temas que citei, posso garantir, compõem também a agenda prioritária da ABCP e da indústria”, afirmou o presidente, destacando que esses desafios e inovações são fundamentais para o futuro da construção no País.
A Jornada de Qualidade e Sustentabilidade da Indústria Brasileira de Cimento
Paulo Camillo Penna ressaltou o compromisso do setor com a qualidade e durabilidade das estruturas de concreto no Brasil, um processo que começou nos anos 70, quando foi criado o Ibracon (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia).
Ele afirmou: “Como integrantes da mesma cadeia produtiva, muitos aqui conhecem a trajetória da indústria brasileira do cimento, que ao longo dos anos demonstrou um compromisso com a qualidade das construções e hoje é referência mundial nesse quesito”.
Penna destacou que, atualmente, a indústria brasileira de cimento se encontra entre as 10 maiores e se orgulha de ser uma das mais ecoeficientes do mundo. De acordo com a GCCA (Global Cement and Concrete Association), a indústria cimenteira responde por cerca de 7% das emissões globais de CO₂.
No Brasil, no entanto, a contribuição do setor para as emissões nacionais é muito menor, representando apenas 2,3%, aproximadamente um terço da média mundial.
O Roadmap Tecnológico e o Caminho para a Descarbonização
O presidente da ABCP também fez referência ao Roadmap Tecnológico do Cimento, lançado em 2019, que delineou as ações da indústria brasileira para reduzir ainda mais as suas emissões de CO₂ com um horizonte até 2050.
Entre as estratégias mencionadas, o uso de adições no cimento e a transição para combustíveis alternativos, como resíduos industriais e urbanos, são essenciais. “O aproveitamento desses resíduos não só evita o consumo de combustíveis fósseis, mas também contribui para a redução da necessidade de aterros sanitários. Em 2022, o uso de resíduos representou 30% da matriz energética da indústria, antecipando em três anos a meta originalmente fixada para 2025”, afirmou.
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Do Roadmap ao Roadmap Net Zero
Com relação à evolução do setor, Penna anunciou que a indústria de cimento está dando um salto rumo às diretrizes traçadas pelo Roadmap Net Zero, que visa a descarbonização não só da produção de cimento, mas de toda a cadeia da construção em concreto. “O setor avançou para o Roadmap Net Zero, seguindo iniciativa da GCCA. O propósito é alcançar a descarbonização desde o projeto das estruturas e definição dos sistemas construtivos até a recarbonatação”, disse.
Ele também mencionou que a redução de emissões de carbono será um desafio coletivo, que exigirá “a união de toda a cadeia produtiva, o envolvimento dos governos e da sociedade, além de investimentos em infraestrutura e uma economia estável.” Para ele, a inovação é o caminho para enfrentar este desafio. “Não existe possibilidade de avançar nesse desafio sem que se produzam novos cimentos, sem que o mercado utilize sistemas construtivos com menor impacto ambiental”, afirmou.
O Concreto na Infraestrutura e Habitação Social
Outro ponto importante abordado foi o potencial sustentável do concreto na infraestrutura e no setor habitacional. “O concreto oferece grandes oportunidades para a melhoria da nossa infraestrutura, especialmente no pavimento de rodovias e vias urbanas”, disse o presidente, destacando a iniciativa PAVI+, lançada pela ABCP.
O PAVI+ é uma comunidade de pavimentação que visa integrar todos os agentes do setor, compartilhando desafios e soluções para melhorar a qualidade das vias no Brasil.
Em relação à habitação, Penna também ressaltou o crescente uso do concreto para resolver o déficit habitacional. “Sistemas como paredes de concreto e alvenaria estrutural com blocos de concreto têm conquistado uma expressiva fatia do mercado de moradias populares, especialmente no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida”, afirmou.
Inovação no Setor: O HubIC e a Construção Digital
Penna também fez questão de destacar a parceria entre a ABCP, o SNIC e a Escola Politécnica da USP, que, em 2020, fundaram o hubIC — Inovação e Construção Digital. Este hub visa apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de novas técnicas construtivas e tecnologias sustentáveis para a construção civil. Penna explicou: “O hubIC é uma parceria que envolve a adesão de diversas empresas e desenvolve projetos sustentáveis, de interesse tanto das empresas como da academia e da sociedade”.
Ele mencionou ainda três projetos importantes em andamento no hubIC:
- 1. Desenvolvimento de um novo tipo de cimento, com aditivos funcionais, que mantém o desempenho do cimento Portland comum, mas com menor pegada de carbono.
- 2. Métodos preditivos para estruturas de concreto com o auxílio de Inteligência Artificial, visando criar modelos de predição de resistência sem a necessidade de ensaios destrutivos.
- 3. Impressão 3D de peças de concreto, que elimina a necessidade de fôrmas e permite a construção de elementos mais complexos com menor uso de material, sem comprometer o desempenho estrutural.
“Estamos criando uma Fábrica de Projetos de Inovação em um setor pouco afeito às mudanças. Um dos indicadores do sucesso dessa jornada conjunta é o valor de captação dos projetos, que já superou o valor do convênio inicial”, afirmou Penna, ressaltando a importância da colaboração entre empresas e instituições de pesquisa.
Ele também mencionou o projeto Rede More, que conecta a questão da habitação social à economia de baixo carbono, com o objetivo de desenvolver um método para acompanhar o consumo de materiais e a pegada de CO₂ das moradias construídas.
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A Economia Descarbonizada e Circular
Com essas diretrizes e ações, a ABCP e a indústria do cimento demonstram seu compromisso em liderar um movimento sustentável e inovador para o setor da construção no Brasil e no mundo. “Esses são apenas alguns exemplos do caminho que a indústria tem adotado em direção a uma economia descarbonizada e circular, apoiada no desenvolvimento tecnológico sustentável”, concluiu.
Próximo encontro do setor: 9º Congresso Brasileiro do Cimento
Esses avanços fazem parte da agenda sustentável da indústria de cimento e da construção em concreto no Brasil, e todos esses temas serão debatidos com mais profundidade no 9º Congresso Brasileiro do Cimento (CBCi), em 2025, onde especialistas do setor se reunirão para explorar as inovações e os desafios da indústria. O evento acontece de 30 de junho a 2 de julho, no Golden Hall WTC, em São Paulo.
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